Ninguém estava preparado para a notícia que abalou a Coreia do Sul em 29 de dezembro de 2024. O voo 2216 da Jeju Air, um Boeing 737-800, caiu em uma tentativa desesperada de pouso de emergência no Aeroporto Internacional de Muan. O saldo foi assustador: 179 mortos, número que faz deste episódio o maior desastre da aviação na história do país.
Tudo começou com um bird strike. Não estamos falando de um simples pássaro, mas de um grupo de patos-real-do-Baikal cruzando a rota da aeronave. Um dos motores foi comprometido, mas aí vem a parte que intriga especialistas: segundo apurações iniciais, os pilotos desligaram o motor esquerdo, quando o problema maior estava no direito. Isso pode ter feito toda a diferença nos minutos finais.
O controle da aeronave virou um jogo de nervos. O avião fez manobras irregulares, tentando pousar em sentido oposto na mesma pista. Não houve tempo para ajustes. O impacto foi violento, o avião bateu de barriga no solo, ultrapassou a pista e encontrou seu fim numa barreira de concreto equipada com instrumentos de navegação. O incêndio se espalhou rapidamente. Sobreviventes? Só duas comissárias de bordo.
As cenas logo após o acidente deixaram claro o tamanho da catástrofe. Os socorristas encontraram destroços espalhados e corpos a até 200 metros do local do impacto. A identificação das vítimas precisou de um trabalho intensivo: cruzamento de DNA, impressões digitais e reconhecimento visual. Em 1º de janeiro de 2025, todas as 179 pessoas já estavam identificadas — sendo 32 por análise genética.
Agora, surgem outras perguntas. A caixa-preta parou de gravar quatro minutos antes da batida, e ninguém ainda explicou o motivo. A peça crucial já foi enviada para os EUA, onde especialistas tentam descobrir o que houve no instante final, quando as gravações cessaram sem explicação aparente.
As famílias das vítimas, por outro lado, não aceitam as explicações iniciais. Elas rejeitam a ideia de que o acidente foi causado apenas por erro humano. Muitos afirmam que o bird strike sozinho dificilmente seria capaz de inutilizar o trem de pouso do Boeing. Entre os especialistas, questiona-se se problemas sistêmicos — como falhas na manutenção ou nas decisões dos protocolos — não teriam pesado ainda mais.
Entre protestos e dúvidas, o Ministério dos Transportes lidera uma investigação que busca clareza: os procedimentos de emergência foram seguidos? A manutenção estava em dia? As respostas demoram, mas o maior desastre aéreo da Coreia do Sul segue escancarando perguntas que a aviação local ainda terá que responder. Jeju Air e as autoridades continuam trabalhando, mas para quem perdeu família, nenhuma explicação parece suficiente.