Quando Grêmio Foot‑Ball Porto Alegrense divulgou, na manhã de 9 de outubro de 2025, que o contrato de patrocínio firmado com Alfa Entretenimento – operando sob a marca Alfa Bet – está atrasado, a notícia quase que parou o coração da torcida tricolor. O clube gaúcho, que tem sede na Arena do Grêmio, em Porto Alegre, informou que a parcela de outubro, no valor de R$ 50 milhões, não foi recebida e que os pagamentos de novembro e dezembro também poderão ser postergados. A decisão, anunciada pelo Departamento Financeiro do Grêmio a jornalistas da ge.globo, deixa o clube em risco de não honrar salários e direitos de imagem dos atletas já em setembro.
O acordo, oficializado em fevereiro de 2025, tem vigência de três anos e previa um investimento anual de R$ 50 milhões para cada um dos dois maiores rivais do Rio Grande do Sul: Sport Club Internacional e o Grêmio. A parceria foi celebrada como a maior transação de patrocínio da história do futebol gaúcho, com a expectativa de reforçar a competitividade dos clubes na Série A e garantir visibilidade nacional para a marca de apostas.
Segundo documento interno, a remuneração deveria ser paga em parcelas mensais, com a primeira já quitada em março de 2025. Até então, o Grêmio recebeu três pagamentos sem problemas, enquanto o Inter manteve todas as parcelas em dia, conforme confirmado por representantes do clube internacional.
O atraso começou a se tornar perceptível no fim de setembro, quando a contabilidade gremista constatou que não havia saldo suficiente para honrar a folha de pagamento dos jogadores. Em entrevista ao Terra, o diretor financeiro descreveu a situação como “um veto de caixa inesperado”. Como solução de curto prazo, o clube avaliou um empréstimo bancário, cujo custo de juros seria coberto pela própria Alfa Entretenimento, conforme garantido em cláusula de suporte financeiro.
Além dos salários, o atraso afetou os direitos de imagem – valores que costumam suplementar a renda dos atletas. O agente Diogo Rossi declarou ao Bolavip que os pagamentos referentes a campanhas publicitárias já estavam suspensos, gerando desconforto entre jogadores e comissão técnica.
O Grêmio, por meio de seu porta‑voz, garantiu que nenhuma solicitação de adiantamento de valores de 2026 foi feita, mas que a expectativa era de que todas as pendências fossem regularizadas até o início de janeiro de 2026. Alberto Guerra, diretor executivo do clube, tem reunião agendada com representantes de Alfa Bet para discutir um plano de pagamento que inclua os juros do eventual empréstimo.
Já a patrocinadora, ao ser contactada, recusou‑se a comentar os motivos do atraso, emitindo um comunicado padrão que enfatiza “transparência, integridade e conformidade”. Em notas divulgadas pelo site Antenados no Futebol, a empresa alegou estar passando por um “rearranjo societário”, sem, porém, apresentar documentação comprobatória.
Em contraste, o Inter respondeu de forma sucinta à ge.globo, assegurando que todas as parcelas estavam “em dia e em conformidade”. Essa disparidade entre os dois clubes despertou suspeitas de tratamento diferenciado por parte da patrocinadora.
O impacto vai além das finanças; a incerteza pode comprometer o desempenho da equipe nas últimas rodadas do Brasileirão 2025. Técnicos e jogadores relataram preocupação em entrevistas ao Gaúcha ZH, temendo que a falta de pagamento afete a concentração nos jogos decisivos contra Palmeiras e Flamengo.
Se tudo correr como previsto, a Alfa Entretenimento pagaria as parcelas de outubro, novembro e dezembro apenas em janeiro de 2026, após concluir o suposto processo de reestruturação societária. Enquanto isso, o Grêmio deve buscar alternativas de crédito e reforçar o diálogo com jogadores para evitar bloqueios contratuais.
Especialistas em gestão esportiva, como a professora Mariana Duarte da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, alertam que "a dependência excessiva de um único patrocinador pode ser fatal para clubes que já operam com margens apertadas". A recomendação é diversificar fontes de receita, seja por meio de vendas de mídia, parcerias regionais ou novos investidores.
O desfecho ainda depende das negociações entre Alberto Guerra e a diretoria da Alfa Bet. Caso não haja acordo, o Grêmio pode acionar a cláusula de penalidade prevista no contrato, que prevê multas de até 20 % do valor total anual.
Os salários de setembro já foram parcialmente atrasados, e os direitos de imagem – que complementam a renda dos atletas – permanecem sem pagamento. Isso gera insegurança e pode diminuir a motivação nas partidas finais da temporada.
De acordo com declarações do Inter à ge.globo, todas as parcelas da mesma parceria foram pagas pontualmente. Ainda não há explicação oficial da patrocinadora sobre esse tratamento diferenciado.
O contrato prevê multas de até 20 % do valor anual em caso de inadimplência. Caso o clube decida acionar a cláusula penal, a empresa pode ser obrigada a pagar R$ 10 milhões adicionais, além de juros.
Especialistas sugerem diversificar a base de patrocinadores, buscar receitas de mídia e explorar empréstimos com condições favoráveis. Também é recomendável renegociar cláusulas contratuais que imponham altas penalidades em caso de atraso.
A empresa indicou que regularizará os pagamentos em janeiro de 2026, após concluir o “rearranjo societário”. Enquanto isso, o Grêmio busca alternativas de crédito para cobrir salários até que o dinheiro chegue.
Comentários (1)
Luciano Pinheiro
11 out 2025
É de partir o coração ver o Grêmio nessa situação. O atraso de R$ 50 milhões atinge diretamente o caixa e a moral do plantel. Esperamos que a diretoria encontre um caminho antes que a folha de pagamento vá por água abaixo.