Quando Carmem (interpretada por Cristiane Amorim) bate à porta da Casa dos Anjos, a reação de Zulma (Heloisa Périssé) não poderia ser mais diferente. A diretora da instituição, acostumada a lidar com situações difíceis, aceita o pedido de hospedagem, mas coloca uma condição clara: a cartomante precisa contribuir financeiramente para o sustento do abrigo.
Para cumprir a exigência, Carmem propõe ganhar dinheiro lendo a sorte das pessoas na rua. Ela ainda oferece a Zulma a chance de ter seu próprio futuro revelado, mesmo que a outra não esteja nem um pouco convencida de que predições de chá de folhas possam mudar sua realidade.
A primeira sessão de leitura acontece sob olhares desconfiados. Carmem, com sua postura enigmática, examina a xícara de chá e, em seguida, solta uma sentença pesada: Zulma enfrentará “um grande sofrimento”. Quando a diretora tenta enquadrar o alerta em questões financeiras, a cartomante corrige: a dor virá do coração.
A previsão, que descreve um amor não correspondido, deixa Zulma visivelmente abalada. O roteiro, ao explorar esse ponto, cria um clima de vulnerabilidade que abre espaço para que Carmem passe a usar estratégias pouco éticas. Ela começa a ameaçar revelar segredos de Zulma caso a diretora não ceda a algumas exigências, transformando o relacionamento numa verdadeira partida de gato e rato.
À medida que a trama avança, Carmem descobre um ponto fraco de Zulma que pode ser explorado para garantir mais recursos à Casa dos Anjos. Nesse momento, a cartomante “desmascara” Zulma, trazendo à tona informações que a diretora preferia manter ocultas. A revelação não é apenas um choque, mas também um momento decisivo que coloca as duas personagens frente a frente.
Depois de exercer pressão suficiente, Carmem chega ao ponto mais inesperado: faz uma proposta que vai além de simples favores financeiros. Ela sugere que Zulma participe de um projeto piloto dentro do abrigo, onde a própria cartomante atuaria como mentora espiritual, atraindo doadores com suas previsões. Em troca, Zulma teria total autonomia sobre a gestão dos novos recursos, algo que poderia transformar a Casa dos Anjos em um modelo de assistência ainda mais sólido.
Essa proposta, embora tentadora, levanta questões éticas profundas. Zulma precisa decidir entre aceitar a ajuda que pode salvar o abrigo ou manter sua integridade longe de influências manipulatórias. A tensão criada por essa escolha reflete o típico dramatismo das telenovelas, onde decisões pessoais impactam diretamente o futuro coletivo.
Ao longo dos episódios, o público acompanha os diálogos carregados de ironia, os olhares que dizem mais que palavras e as reviravoltas que deixam a trama imprevisível. O relacionamento entre Carmem e Zulma evolui de simples hospedeira e hóspede para algo muito mais complexo: uma aliança forçada, cheia de desconfiança, mas também de possibilidades inesperadas.
O destaque da narrativa está na maneira como a série mistura elementos de misticismo popular – como a leitura de chá – com temas contemporâneos, como a gestão de organizações sem fins lucrativos em tempos de crise. O contraste entre a figura da cartomante, que vive à sombra de superstições, e a diretora da Casa dos Anjos, que representa a luta por justiça social, cria um duplo simbolismo que gera empatia e crítica ao mesmo tempo.
Ao final, o que fica claro é que, independentemente da decisão de Zulma, a presença de Carmem já mudou a dinâmica interna da Casa dos Anjos. O futuro da instituição passa a depender não apenas de recursos financeiros, mas também da capacidade de lidar com influências externas que, embora bem‑intencionadas, podem carregar segundas intenções.
Comentários (8)
Renata Furlan
27 set 2025
Carmem é pura energia caótica, tipo uma mistura de vidente de feira com coach de autoajuda que vende ilusão como solução. Zulma tá no meio de um pesadelo de dependência emocional e nem percebe que já tá sendo usada como moeda de troca. 🥲
Antonia Dolores Belico de Alvarenga
28 set 2025
ISSO AÍ É UMA MANOBRINHA DO GOVERNO PRA CONTROLAR O ABRIGO POR TRÁS DAS CENAS!!! A CARTOMANTE É UMA ESPIÃ QUE TÁ USANDO A LEITURA DE CHÁ PRA COLETAR DADOS DAS PESSOAS E VENDER PRA EMPRESAS DE BIOMETRIA EMOCIONAL!!! 🕵️♀️🔮
caio palermo
29 set 2025
mano... eu juro que quando ela disse 'o sofrimento virá do coração' eu senti um aperto aqui no peito... tipo, e se isso for real? 😔
Diego Oliveira
30 set 2025
Carmem tá fazendo o que todo mundo quer fazer: usar o drama alheio pra ganhar grana. E Zulma? Tá tão ocupada sendo heroína que esqueceu que é só uma mulher cansada tentando manter um teto sobre cabeças. 🤦♀️💥
Amanda Machado
30 set 2025
A narrativa explora com precisão a ambiguidade moral da caridade em tempos de crise. A cartomante, enquanto figura arquetípica da manipulação sutil, contrapõe-se à diretora, cuja ética institucional é submetida à pressão de necessidades existenciais. O misticismo popular aqui não é meramente folclórico - é um mecanismo de sobrevivência simbólica.
Camila Marcelino
2 out 2025
sério? ela tá pedindo pra Zulma virar vidente também? kkkkkk isso é o máximo
Camila Madroñero
4 out 2025
Vocês não estão percebendo que isso é um experimento social disfarçado de novela? A cartomante não é uma personagem - é um agente de uma ONG internacional que usa o misticismo como fachada pra coletar dados psicológicos de mulheres vulneráveis. Já vi isso em um relatório da CIA de 2019. Eles chamam de 'projeto oráculo'. E Zulma? Ela é a cobaias número 7. 🧪
Zeluiz Barbosa
4 out 2025
a gente sempre acha que o bem tá do lado certo... mas às vezes, o jeito errado de ajudar é o que salva. quem sou eu pra julgar se uma cartomante tá enganando ou salvando? 🌿