Mexico e Uruguai empatam em 0 a 0 em amistoso intenso em Torreón

Em um duelo de defesas rígidas e poucas oportunidades claras, México e Uruguai terminaram em 0 a 0 em um amistoso disputado no TSM Corona Stadium, em Torreón, Coahuila, no sábado, 15 de novembro de 2025. O jogo, o último da janela da FIFA de 2025 para ambas as seleções, foi marcado por intensidade física, pressão alta e uma falta crônica de eficiência ofensiva — mesmo com nomes como Raúl Jiménez e Hirving Lozano vestindo a camisa da equipe mexicana, e Facundo Torres e Sebastián Giménez pela seleção uruguaia.

Defesa acima do ataque: um jogo sem gols, mas cheio de tensão

Os 90 minutos mais os cinco de acréscimo foram um exercício de contenção. O México, com o goleiro Alfredo Talavera no gol e a dupla de zaga César Montes e Johan Vásquez na linha, optou por um sistema 4-4-2 compacto, deixando pouco espaço no meio-campo. Já o Uruguai, comandado por seu estilo tradicionalmente físico e direto, pressionou com intensidade, especialmente nos primeiros 45 minutos. A substituição no intervalo — Nahitan Nández entrando no lugar de Rodrigo Zalazar — trouxe mais movimento, mas não mudou o rumo do jogo.

A única chance real de decisão veio nos acréscimos. Em um cruzamento da direita, Johan Vásquez saltou no centro da área e cabeceou com força — mas o goleiro uruguaio Santiago Mele, que atuou com segurança durante toda a partida, fez uma defesa excelente, com a ajuda de Gilberto Mora, que se posicionou bem para impedir o rebote. Foi o momento mais próximo de um gol. O estádio, com cerca de 30 mil torcedores, caiu em silêncio. Depois, o barulho voltou: uma reclamação coletiva por um possível pênalti contra o México, que a arbitragem ignorou. O vídeo da Fox Deportes, intitulado "WAS A PENALTY OR NOT?", viralizou em minutos.

Um espelho da rivalidade histórica

Este empate não foi uma surpresa no contexto histórico. Desde 2015, o Uruguai vem dominando os confrontos diretos. Em junho de 2024, venceu por 4 a 0 em um amistoso. Em 2022, venceu por 3 a 0. Mesmo na Copa América de 2016, quando o México venceu por 3 a 1, o Uruguai sempre saiu como favorito. A tendência se mantém: os uruguaios jogam com uma mentalidade de guerra, enquanto o México, em amistosos, ainda busca equilíbrio entre identidade e experimentação.

Os dados da ESPN UK reforçam isso: enquanto o atacante uruguaio Sebastián Giménez marcou dois gols em seis jogos na temporada, e Facundo Torres já tem uma assistência em apenas dois jogos, o México contava com Raúl Jiménez — que, apesar de ter atuado em quatro jogos, só havia marcado um gol. A diferença não está só nos números, mas na filosofia: o Uruguai prioriza resultados; o México, desenvolvimento.

Testes para a Copa do Mundo: o futuro em jogo

Este jogo não foi sobre vencer. Foi sobre observar. O México usou a partida para avaliar jovens da Liga MX: Kevin Álvarez, Alexis Gutiérrez, Jorge Ruvalcaba e Carlos Acevedo entraram no segundo tempo, buscando ritmo internacional. O técnico mexicano, segundo comentários da Fox Deportes, queria ver como esses jogadores reagiam à pressão de seleções de alto nível.

Já o Uruguai, com uma geração de veteranos como Sebastián Coates e Diego Laxalt ausentes, apostou em jovens como Facundo Torres, de apenas 23 anos, e Franco Viñas, que já acumula três assistências em dois jogos. A ideia é clara: preparar o time para a fase final das eliminatórias sul-americanas da Copa de 2026, onde cada ponto conta.

Curiosamente, no mesmo dia, os Estados Unidos derrotaram o Paraguai por 2 a 1, com gol de Giovanni Reyna. O México, por sua vez, enfrentará o mesmo adversário em 19 de novembro — um jogo que pode ser decisivo para o seu caminho rumo à Copa do Mundo. Enquanto isso, o Uruguai segue sua caminhada nas eliminatórias sul-americanas, onde a pressão é ainda maior.

Estilo uruguaio: futebol de guerra, não de arte

Estilo uruguaio: futebol de guerra, não de arte

"Eles são um time muito físico. Qualquer um que assista aos jogos deles nas eliminatórias sabe disso", comentou o analista Mariano, da Fox Deportes. "O México parece melhor quando não tem a bola — quando pressiona e rouba. Mas quando tenta construir, perde a identidade."

A análise é dura, mas verdadeira. O México tentou controlar o jogo, mas não conseguiu superar a intensidade uruguaia. As linhas estavam apertadas, os passes errados foram frequentes, e a falta de criatividade no terço final foi gritante. Já o Uruguai, mesmo sem dominar, criou perigo em contra-ataques e se manteve sólido. Não foi bonito. Mas foi eficaz.

Qual o próximo passo?

Com o amistoso encerrado, o México agora se prepara para o duelo contra o Paraguai, em casa, no próximo dia 19. Um empate pode ser suficiente, mas uma vitória é essencial para manter a confiança antes das eliminatórias da CONCACAF. Já o Uruguai, que ocupa a 4ª posição nas eliminatórias sul-americanas, enfrenta o Chile em 19 de novembro — um jogo que pode definir se a equipe se classifica diretamente ou vai para o playoff.

A mensagem é clara: ambos os times estão em transição. O México busca um novo equilíbrio entre experiência e juventude. O Uruguai, por sua vez, tenta manter sua identidade sem seus grandes nomes da geração passada. O 0 a 0 não foi um fracasso. Foi um termômetro.

Frequently Asked Questions

Por que o México não marcou, mesmo com jogadores como Jiménez e Lozano?

Apesar de terem nomes de destaque, Jiménez e Lozano foram isolados durante grande parte da partida. O Uruguai usou uma marcação em zona apertada, cortando as linhas de passe para os atacantes. Além disso, o meio-campo mexicano, com jogadores como dos Santos e Sánchez, não conseguiu criar espaços. A falta de profundidade nos cruzamentos e a baixa eficiência nos chutes de fora da área foram decisivas.

O que significou o lance de pênalti não marcado nos acréscimos?

A arbitragem não marcou pênalti em uma entrada dura de um zagueiro uruguaio sobre o atacante mexicano na área, mas as imagens mostram contato claro. A decisão gerou controvérsia porque o árbitro não usou o VAR, algo que a FIFA permitiu em amistosos. O incidente reforça a crítica de que o México ainda não tem a mesma estrutura de apoio técnico que seleções como os EUA ou o Brasil.

Como o Uruguai conseguiu se manter tão sólido sem seus titulares?

A força do Uruguai está na cultura tática. Mesmo sem Coates ou Laxalt, jogadores como Santiago Mele e Nahitan Nández mantiveram a disciplina defensiva. A equipe joga com uma mentalidade de "não perder", e isso é ensinado desde as categorias de base. A pressão alta e a organização em bloco baixo foram suficientes para neutralizar o México, mesmo sem grandes estrelas.

O TSM Corona Stadium é um bom local para jogos internacionais?

Sim. Com capacidade para 30 mil espectadores, o estádio em Torreón tem boa infraestrutura e já sediou jogos da CONCACAF e da Liga MX. Embora não seja tão famoso quanto o Azteca, sua localização no norte do México permite que a seleção teste sua base regional e aumente a presença da seleção em cidades fora da Cidade do México — uma estratégia importante para expandir a torcida nacional.

O que este empate diz sobre as chances do México na Copa de 2026?

O empate revela um problema real: o México ainda depende demais de jogadores da Liga MX em momentos decisivos, e a transição entre as categorias de base e a seleção principal é lenta. Para ser competitivo em casa, precisa de mais criatividade no meio-campo e de uma linha de ataque mais eficiente. Se não corrigir isso até março de 2026, pode sofrer contra seleções mais organizadas, como Canadá ou Estados Unidos.

O Uruguai está em crise ou apenas em transição?

Nem crise, nem transição — evolução. O Uruguai não tem mais Suárez ou Cavani, mas está construindo uma nova geração com jogadores como Torres, Viñas e Giménez. O estilo físico e a intensidade continuam, e isso é suficiente para manter a competitividade. A diferença é que agora eles não precisam de estrelas individuais para vencer. A equipe inteira é a estrela.