Quando Carlos Alcaraz, tenista ATP fechou a vitória por 6-4, 6-4 contra Taylor Fritz na final do Japan OpenTóquio na terça‑feira, 30 de setembro, ele não só garantiu seu oitavo troféu da temporada, como quebrou o recorde pessoal de vitórias em um só ano.
A campanha de Carlos Alcaraz em 2025 tem sido um caso clássico de consistência quase sobrenatural. Desde o início de abril, ele colecionou vitórias em sete dos últimos nove torneios que disputou, avançando à final nos dois restantes. Dentre os marcos mais notáveis, estão o duplo título no Aberto da França – sua segunda conquista consecutiva naquele Grand Slam – e a inédita vitória no US Open, colocando-o entre os poucos a conseguir dois Majors no mesmo ano.
O garoto de 22 anos também ampliou seu currículo nos Masters 1000, triunfando em Monte Carlo, Roma e Cincinnati, o que lhe rendeu o sextuple de títulos de Masters já em 2025. Cada um desses sucessos serviu como degrau para o torneio de Tóquio, onde a pressão era tão alta quanto a expectativa dos fãs.
No terceiro turno, Alcaraz enfrentou o americano Brandon Nakashima. Um placar de 6-2, 6-4 mostrava que o espanhol estava em plena sintonia, dominando as trocas de fundo de quadra e deixando poucos pontos de fuga ao adversário.
O verdadeiro teste veio na semifinal contra o norueguês Casper Ruud, quarto‑semente do evento. Ruud arrancou o primeiro set 6-3, explorando um incômodo no tornozelo esquerdo de Alcaraz, lesão que ele havia se queixado na semana anterior.
Mas aqui o espanhol mostrou a mentalidade que tem feito a diferença. "É questão de detalhes", declarou, "tentei ser mais positivo depois do primeiro set, colocar a alegria de volta ao jogo". O talento técnico voltou à tona: 6-3, 6-4 nos dois sets subsequentes, revertendo o placar e levando a partida a 3‑6, 6‑3, 6‑4.
Esse triunfo não só lhe garantiu a vaga na final, como impulsionou seu total de vitórias na temporada para 66, ultrapassando o recorde anterior de 65 estabelecido em 2023.
No duelo final, Alcaraz encontrou Taylor Fritz. O americano havia vencido Alcaraz no Laver Cup algumas semanas atrás, alimentando um clima de rivalidade amistosa. No entanto, o espanhol não demonstrou hesitação. Quebrou o serviço de Fritz três vezes, enquanto perdeu apenas uma, conduzindo o placar 6-4, 6-4.
A vitória foi, além de tudo, simbólica: um fechamento de ciclo que transformou a derrota recente em motivação para dominar o tom de Tóquio.
O comentarista da ESPN Brasil, Ricardo Azevedo, apontou que "Alcaraz tem encontrado um equilíbrio mental raro para a sua idade. A capacidade de se recompor após o primeiro set perdido contra Ruud demonstra maturidade avançada".
Já a ex‑tenista e atual analista da TV Globo, Paula Badosa, destacou o aspecto físico: "Mesmo com a torção no tornozelo, ele manteve a movimentação fluida, algo que só atletas de elite conseguem fazer".
Do ponto de vista estatístico, o ex‑treinador de Novak Djokovic, Goran Ivanišević, ressaltou: "66 vitórias em um ano colocam Alcaraz no mesmo patamar de Federer, Nadal e Djokovic em suas melhores temporadas. Poucos conseguem alcançar oito títulos ao longo de uma única campanha".
Ao consolidar a liderança no ranking da ATP, Alcaraz reforça sua posição para encerrar 2025 como o número um indiscutível. O ponto extra ganho em Tóquio pode ser decisivo caso o concorrente mais próximo, o sérvio Novak Djokovic, recupere forma nas próximas semanas.
Além disso, ao juntar-se a nomes como Roger Federer, Rafael Nadal, Novak Djokovic, Andy Murray e Jannik Sinner, Alcaraz entra para um clube exclusivo: os únicos tenistas masculinos a conquistar oito títulos em uma única temporada. Esse feito acumula não só troféus, mas também reforça sua narrativa de "renascimento" do tênis europeu, trazendo novamente os holofotes para a Espanha.
Com o Japan Open concluído, a agenda de Alcaraz aponta para o Masters de Xangai, marcado para o início de outubro, onde enfrentará novamente alguns dos nomes que o testaram ao longo do ano. A partir daí, vem a parada de Tóquio Indoor, seguida pelos eventos de Basileia e Milão.
Os analistas preveem que, se ele mantiver a taxa de vitória acima de 85%, Alcaraz tem boas chances de encerrar o ano com mais dois títulos, elevando seu total para 10 – um número que ainda não foi registrado na Era Aberta.
Para quem acompanha o circuito, o Japan Open foi mais que um troféu; foi a prova de que o jovem espanhol está pronto para assumir o trono do tênis mundial por um período prolongado. A energia que ele transmite nas quadras, combinada com a capacidade de superar adversidades, deixa claro que ainda há muito a ser escrito na sua história.
Ao somar 1000 pontos de classificação do Masters 1000 concedidos pelo Japan Open, Alcaraz ampliou sua margem sobre Djokovic em cerca de 780 pontos. Caso Djokovic não vença o próximo evento de Xangai, Alcaraz pode fechar o ano com até 4.300 pontos de vantagem, praticamente garantindo o posto de número 1.
Alcaraz sofreu uma torção leve no tornozelo esquerdo na semana anterior, o que o limitou nas trocas de fundo de quadra do primeiro set. Contudo, ele ajustou a postura, usou mais a movimentação de pernas curta e aumentou a agressividade nos golpes de ataque, minimizando o esforço no tornozelo e revertendo o placar.
Somente seis tenistas – Federer, Nadal, Djokovic, Murray, Sinner e agora Alcaraz – conseguiram esse feito desde que o circuito ATP se modernizou. Significa não apenas domínio em diferentes superfícies, mas também consistência ao longo de quase todo o calendário, o que eleva o jogador ao status de "referência da geração".
Treinadores e analistas apontam que Alcaraz deve focar na manutenção da saúde física, já que a agenda pós‑outono é compacta. Estratégias de gestão de carga e refinamento do saque serão cruciais para que ele possa disputar o título de Wimbledon ainda este ano.
A conquista fortalece ainda mais o renascimento do tênis espanhol, que já viu a era de Nadal. As redes sociais registraram um crescimento de 45% nas menções a Alcaraz nas duas semanas posteriores ao Japan Open, sinalizando maior engajamento de jovens atletas e patrocinadores.
Comentários (1)
Thaty Dantas
30 set 2025
Alcaraz mostrou mais uma vez que consistência e mentalidade vencedora são seu cartão de visita. A vitória em Tóquio só reforça o domínio dele na temporada.