As irmãs Betty Gofman e Rosane Gofman estão juntas — não só na vida, mas também na tela — na nova telenovela da Rede Globo, Êta Mundo Melhor!. A estreia, em 30 de junho de 2025, marcou a volta da dupla ao universo das novelas das seis, mas com um detalhe que deixou os fãs de queixo caído: elas ainda não se encontraram na trama. E isso, segundo as próprias atrizes, é um erro que merece ser corrigido.
Um desejo antigo, finalmente realizado
Betty, de 60 anos, interpreta Medeia Castela, uma mulher abandonada pelo marido que se refugia no sítio da irmã Cunegundes (Elizabeth Savala) e do irmão Quinzinho (Ary Fontoura). Rosane, por sua vez, vive Olímpia Castela, uma radioatriz veterana, arrogante e cheia de histórias, que vê na jovem Dita (Jeniffer Nascimento) uma ameaça ao seu reinado na rádio Paraízo. As personagens são irmãs na trama — mas, curiosamente, nunca se cruzam. "Achei engraçado o convite, porque tenho pensado que alguém tinha de nos chamar para fazer uma novela juntas", confessou Betty em entrevista ao
O Globo em 10 de junho. "Era um desejo meu trabalhar com a Rosane. Somos duas comediantes também. Quem sabe dão um jeito de a gente se encontrar na trama? Seria superlegal."
Rosane, mais cética, mas igualmente entusiasmada, brinca: "A Olímpia já está de saco cheio de tudo e de todos. E se a Medeia aparecer, vai ser pior. Ela vai achar que a irmã mais nova veio para roubar o palco — e não vai deixar passar em branco." A rivalidade entre Olímpia e Dita já rendeu cenas tensas: sabotagem em um concurso, vazamento de áudios íntimos e até uma tentativa de expulsão da jovem cantora da rádio. Mas o que os telespectadores realmente querem? Uma cena entre as irmãs Castela. E elas sabem disso.
Uma novela que respira memória
Êta Mundo Melhor! não é só uma continuação de
Êta Mundo Bom! (2016), também escrita por
Walcyr Carrasco. É uma espécie de collage cultural: mistura o otimismo cínico de Voltaire com o realismo cruel de
Oliver Twist, e até homenageia a novela infantil
A Pequena Órfã, da TV Excelsior. A direção artística de
Amora Mautner e a direção geral de
João Paulo Jabur dão ao projeto um tom quase cinematográfico — algo raro nas novelas das seis, que costumam priorizar ritmo acelerado sobre profundidade.
O elenco é robusto:
Sergio Guizé,
Flávia Alessandra,
Larissa Manoela e
Eriberto Leão dão corpo a histórias que se entrelaçam com a da família Castela. Mas é a dinâmica entre Betty e Rosane que, mesmo sem cenas juntas, domina os bastidores. "Nós somos atrizes bem diferentes. Ela é mais silenciosa, eu mais barulhenta. Mas quando estamos juntas, o tempo some", contou Rosane ao
Gshow.
Por que isso importa?
Na era das redes sociais, onde o viral é rei, a ausência de uma cena entre as irmãs Gofman virou meme. O #BettyERosaneJuntas já aparece em mais de 87 mil posts no Instagram. Fãs criam edições digitais imaginando o momento em que Medeia, ao ouvir a radionovela da irmã, reconhece a voz e se levanta do sofá — com lágrimas nos olhos. "É um símbolo", diz a crítica de televisão
Cláudia Almeida. "Essas irmãs representam uma geração de atrizes que passaram décadas sem serem valorizadas. Ver duas mulheres de 60 anos, com carreiras consolidadas, disputando espaço e voz, é revolucionário — mesmo sem um abraço na tela ainda."
A
Rede Globo não confirmou alterações no roteiro. Mas fontes próximas à equipe de escritores dizem que, após o capítulo 30 — quando
Walcyr Carrasco deixa a novela —, há espaço para novos rumos. "Se alguém tem poder para fazer isso acontecer, é a Betty", diz um roteirista anônimo. "Ela tem o carisma de quem sabe que, quando ela pede, a Globo escuta."
O que vem a seguir?
A novela entra em sua quarta semana com média de 22,5 pontos de audiência no Rio de Janeiro, segundo o Ibope. A rivalidade entre Olímpia e Dita promete explodir nos próximos capítulos, com uma cena marcante prevista para o dia 15 de julho: a transmissão ao vivo de uma radionovela onde Dita canta uma música que Olímpia considera sua "herança". Mas o que os produtores não contaram? Que, no dia 18 de julho, Medeia será convidada a participar de um programa na rádio Paraízo. Será coincidência? Ou um convite disfarçado para que as irmãs, finalmente, se encontrem?
Um legado que não se esquece
Rosane Gofman começou na TV em 1978, em novelas da Tupi. Betty, em 1981, na TV Manchete. Ambas passaram por teatro, cinema e até programas de auditório. Nos anos 2000, viraram ícones da comédia brasileira. Mas nunca, em 45 anos de carreira, trabalharam juntas em uma produção de grande porte. Agora, a chance está na ponta dos dedos. "Nós não queremos ser uma piada", diz Betty. "Queremos ser um exemplo. Que uma mulher de 60 anos ainda pode ser protagonista. Que irmãs podem ser fortes juntas — mesmo que uma seja vilã e a outra, vítima."
E se a cena não acontecer? Ainda assim, o impacto já foi feito. Porque, às vezes, o mais poderoso não é o que aparece na tela — mas o que os espectadores sentem que poderia aparecer.
Frequently Asked Questions
Por que as irmãs Gofman ainda não se encontraram na novela?
Apesar de serem irmãs na vida real e suas personagens serem irmãs na trama, o roteiro ainda não as colocou na mesma cena. Isso ocorre porque Medeia (Betty) vive no sítio, enquanto Olímpia (Rosane) está na cidade, ligada à rádio. Os roteiristas querem manter o suspense, mas fontes internas indicam que uma cena conjunta pode ser inserida após o capítulo 30, quando Walcyr Carrasco deixa a produção.
Qual é o impacto dessa ausência no público?
A falta de cenas conjuntas gerou um fenômeno nas redes sociais, com mais de 87 mil posts no Instagram pedindo o encontro das personagens. Fãs criam edições, teorias e até petições online. A ausência se tornou um símbolo — não de erro, mas de desejo: o de ver mulheres de 60 anos, com carreiras sólidas, ocupando espaço juntas, sem serem reduzidas a figuras secundárias.
As atrizes já falaram sobre a possibilidade de uma cena juntas?
Sim. Em entrevistas separadas, ambas manifestaram abertamente o desejo. Betty disse que "seria superlegal" e Rosane brincou que "a Olímpia não vai deixar a Medeia passar em branco". Elas afirmaram que, mesmo sem cenas, já sentem uma conexão profunda no processo de gravação, o que aumenta a expectativa dos fãs e da própria equipe.
Como a Rede Globo reage às pressões dos fãs?
A emissora não fez declarações oficiais, mas o fato de a audiência da novela manter-se estável (22,5 pontos no Rio) e o engajamento nas redes ser tão alto sugere que a produtora está atenta. Em outras ocasiões, como em Amor de Mãe, a Globo ajustou roteiros por pressão popular. A possibilidade de uma cena entre as irmãs é considerada baixa agora, mas viável nos próximos capítulos.
Qual é a importância histórica dessa dupla na TV brasileira?
Betty e Rosane Gofman são referências da atuação feminina no Brasil desde os anos 70. Ambas enfrentaram a invisibilidade de mulheres mais velhas na TV. Agora, com papéis complexos, ricos e cheios de camadas — e sem serem tratadas como "mães" ou "avós" —, elas desafiam o modelo tradicional. Se finalmente contracenarem, será um marco: duas atrizes de 60 anos, irmãs, no mesmo quadro, não como curiosidade, mas como protagonistas.
O que a novela traz de novo em relação a Êta Mundo Bom!?
Enquanto Êta Mundo Bom! focava no otimismo cômico e na superação, Êta Mundo Melhor! é mais sombrio, mais crítico. Aborda o envelhecimento, a competição entre mulheres e a perda de espaço no mercado de trabalho. A rivalidade entre Olímpia e Dita reflete a luta de gerações. E a ausência das irmãs Castela — apesar de serem parentes — simboliza como a família, na sociedade atual, muitas vezes se desconecta mesmo quando está sob o mesmo teto.
Comentários (3)
Francini Rodríguez Hernández
3 nov 2025
essas duas já mereciam um episódio só delas, sério, nem precisa de enredo, só elas no sofá discutindo o que comer e aí a Rosane joga o pão na cara da Betty e vira clássico.
gustavo oliveira
3 nov 2025
essa ausência é mais poderosa que qualquer cena juntas. É como se a novela estivesse dizendo: 'olha, elas estão aqui, vivas, com peso, e mesmo sem se tocar, já mudaram tudo'. A gente sente a presença delas mesmo no vazio entre os capítulos. É arte, não erro.
Caio Nascimento
3 nov 2025
É verdade que, apesar de todas as expectativas, a ausência deliberada das irmãs Gofman, na verdade, reforça a temática central da novela: a desconexão familiar, mesmo quando se vive sob o mesmo teto. Isso, sim, é escrita inteligente.