Se uma advogada está detida, a situação gera dúvidas e preocupação não só para ela, mas para todo o meio jurídico. Embora a profissão assegure privilégios, ninguém está acima da lei. Vamos explicar passo a passo o que acontece, quais direitos são garantidos e como montar uma defesa eficaz.
Ao ser abordada pela polícia, a advogada tem direito a permanecer calada e a ser informada do motivo da prisão. O artigo 5º, inciso LXIII da Constituição garante que todo preso tem acesso à assistência de um advogado. No caso de colega de profissão, outro advogado pode ser chamado imediatamente, sem precisar de procuração.
Além disso, o Código de Processo Penal assegura que a pessoa presa seja conduzida ao quartel ou delegacia em até 24 horas para apresentação ao juiz. Essa audiência de custódia serve para checar a legalidade da prisão, a existência de risco à liberdade e a necessidade de manutenção da detenção.
Se a prisão for considerada abusiva ou houver risco de violação de direitos, o habeas corpus pode ser impetrado. Qualquer pessoa — inclusive a própria advogada ou um colega — pode solicitar ao Tribunal a liberação imediata. O pedido costuma ser rápido, pois trata-se de um remédio constitucional para proteger a liberdade de locomoção.
Outra medida importante é a solicitação de prisão preventiva. O juiz pode mantê‑la presa se houver fortes indícios de prática de crime, risco de fuga ou risco à ordem pública. Caso não haja fundamentos, a prisão deve ser convertida em liberdade provisória, com ou sem fiança.
É fundamental que a advogada registre todos os atos praticados durante a detenção: horário da abordagem, nome dos agentes, local da prisão e eventuais violências. Esses registros servem como prova em eventual ação de responsabilidade civil ou criminal contra os agentes.
Uma prisão não implica automaticamente a perda da inscrição na OAB, mas pode gerar processos disciplinares internos. Se o crime for incompatível com a ética da profissão — como corrupção ou tráfico de drogas — o Conselho pode suspender ou cancelar a carteira.
Para minimizar os danos, a advogada deve procurar imediatamente um colega de confiança para assumir sua defesa, além de comunicar a OAB sobre o caso. Transparência e cooperação ajudam a evitar punições exageradas.
1. Não fale sem advogada: mesmo sendo profissional, o direito ao silêncio vale para todos. Evite declarações que possam ser usadas contra você.
2. Exija a presença de outro advogado: a lei garante assistência de um profissional da sua confiança. Se não houver, solicite ao juiz a nomeação de um defensor público.
3. Documente tudo: anote nomes, horários, números de protocolo e quaisquer irregularidades. Esse registro pode ser vital para o habeas corpus.
4. Mantenha a calma: situações de pressão podem levar a erros. Respire fundo, siga as instruções legais e confie no seu colega de defesa.
5. Informe a OAB assim que possível. O órgão pode prestar apoio jurídico e acompanhar o processo disciplinar, se houver.
Em resumo, a prisão de uma advogada segue os mesmos trâmites de qualquer cidadão, mas os direitos específicos da profissão dão um caminho mais rápido para a defesa. Conhecer esses direitos evita surpresas e garante que a lei seja respeitada, tanto para quem está atrás das grades quanto para quem atua nos tribunais.
Uma advogada de 43 anos foi presa por suspeita de injúria racial contra três funcionários de um bar em Campinas. O incidente ocorreu após ela quebrar um copo e ser solicitada a colocar os sapatos. Ela utilizou termos racistas e agrediu fisicamente um dos funcionários e um policial. A investigação está em andamento.