Seis interrupções por bandeira vermelha em uma única sessão. Baku entregou mais uma classificação de coração na boca e, no meio do caos, Max Verstappen puxou o tapete de todo mundo e garantiu a pole para o GP do Azerbaijão. Ao lado dele, uma cena que chama atenção: Carlos Sainz vai largar em segundo com a Williams. Na terceira posição, Liam Lawson confirmou um sábado impecável com a Racing Bulls.
A sessão foi uma colcha de retalhos: voltas voadoras interrompidas, pneus que esfriam, motoristas voltando aos boxes sem referência, e engenheiros refazendo planos a cada bandeira. Quem tinha um último giro na manga viu a janela sumir do nada. Quem saiu cedo se deu melhor. Em circuitos de rua, cada detalhe pesa: acerto com pouca asa para a reta gigante, confiança nos muros e aquele “vácuo amigo” na hora certa. Hoje, tudo isso valeu ouro.
O grande baque do dia foi Oscar Piastri. Líder do campeonato, ele bateu no Q3 e ficou fora da disputa pela pole. Além dos danos no carro, a pancada derruba a inércia de quem vinha consistente. Em Baku, errar custa caro não só no bolso, mas no psicológico. O domingo dele vai começar no modo recuperação.
Entre os brasileiros, Gabriel Bortoleto aparece como um dos destaques silenciosos da sessão. Em meio à bagunça, ele garantiu o 13º lugar no grid — e não o 15º, como circulou em versões iniciais. Largar no pelotão intermediário em Baku nunca é sentença; é convite para somar pontos se a corrida virar loteria, e Baku frequentemente vira.
Vale um parêntese para organizar a informação: relatos sobre Lewis Hamilton liderar o segundo treino livre não batem com o que há disponível agora. O que está consolidado é o resultado da classificação com Verstappen na pole, Sainz em segundo e Lawson em terceiro. O foco do fim de semana mudou com a sessão caótica.
Por que tantas bandeiras vermelhas? Baku é uma armadilha: asfalto com muita evolução de pista, rajadas de vento, muros sem perdão e uma reta que pede acerto arisco. Carro leve e pneus frios depois de uma parada forçada viram convite ao erro. Soma tráfego, busca por vácuo e pressa de última hora, e pronto: interrupção atrás de interrupção.
Grid embaralhado abre o leque tático. Verstappen sai com a faca e o queijo, mas a Williams de Sainz costuma ter velocidade de reta para brigar no primeiro trecho e nas relargadas. Lawson, em terceiro, tem tudo para se defender bem no miolo e atacar quando a janela de DRS abrir. Se pintar Safety Car — e em Baku ele aparece com frequência — o jogo embaralha de novo.
O gerenciamento de pneus será a outra história do domingo. A tendência é de uma parada, mas tudo depende do ritmo de quem abre a fila e de eventuais neutralizações. Macio para ganhar posições na largada? Médio para alongar o primeiro stint e buscar undercut? Duro como seguro na metade final? Cada equipe vai enxergar a matemática à sua maneira.
Quem larga atrás não está morto. Baku premia paciência e oportunismo. A janela de pit sob Virtual Safety Car pode virar salto de posições. E a longa reta com DRS transforma décimos em ultrapassagens limpas se o piloto souber preparar a volta inteira para a saída da última curva.
No fim, a classificação de Baku deixou mais perguntas do que respostas — do jeito que o público gosta. Pole de Verstappen, Williams relevante com Sainz e um pódio provisório com Lawson são a fotografia de um sábado nervoso. O domingo promete aquela combinação que só a capital do Azerbaijão entrega: velocidade máxima, muros por perto e nenhuma garantia de final previsível.